SARAU: “NOS PRADOS DE ADÉLIA”

“Quem entender a linguagem entende Deus” – Adélia Prado

Os alunos e alunas das terceiras séries do Ensino Médio da nossa escola encerraram o ano letivo de 2009 em “alto estilo”.

No dia 10/12, um dia antes do SAG (Sistema de Avaliação do Godinho), professores, direção, coordenação e funcionários se emocionaram ao ver e ouvir dos nossos alunos e alunas, declamações inéditas de poesias do livro “Bagagem”, de Adélia Prado, alternadas com lindas músicas tocadas e cantadas também pelos nossos alunos (as).

A ocasião foi aproveitada para a entrega de diplomas de “Honra ao Mérito” aos finalistas do concurso de Redação realizado na escola. Veja:

Texto de abertura do sarau:

SARAU DE POESIAS: “NOS PRADOS DE ADÉLIA”

Queridos alunos e alunas, colegas professores e professoras e equipe de gestão:

O sarau que agora apresentamos é uma pequena amostra do que foi realizado em sala de aula com a participação de todos os alunos e alunas.

Procuramos Motivar a leitura dos livros de obras literárias que todos receberam no começo do ano. Não foi fácil! A prática prazerosa da leitura ainda é uma realidade distante da maioria dos nossos alunos e alunas.

Nesse 4º bimestre lancei o último desafio: ler “Bagagem”, de Adélia Prado. Convenhamos: não é uma leitura fácil. Percebi, então, que o desafio era meu. Como motivar os meus alunos e alunas a buscar nos “prados” de Adélia, a beleza, a introspecção, o silêncio, o cotidiano, o universo do ser humano, da alma feminina, e também de Deus?

Leituras em classe, debates, pesquisas e muito entusiasmo foram os ingredientes utilizados para, depois saborear a emoção de ver a grande maioria dos alunos e alunas motivados a desvendar os mistérios da beleza da poesia, nesse caso, de Adélia Prado.

Leram, comentaram, e, por fim, cada um apresentou uma poesia para a classe. Aqui, como já falei, é uma pequena amostra. Agradeço imensamente aos alunos e alunas que, mesmo tendo que enfrentar a ansiedade e a timidez, colaboraram comigo na tentativa de dividir com os demais professores, funcionários e equipe de gestão aqui presentes, a emoção que vivenciamos em sala de aula.

E, independente do resultado dessa apresentação de hoje, me antecipo em dizer: O meu objetivo já foi alcançado. Obrigada queridos alunos e alunas. Boa sorte na apresentação.

Agora, conclamo todos, a experimentar o silêncio absoluto. O silêncio que aguça a nossa sensibilidade para a apreciação da arte da poesia e da música e, consequentemente, ajuda-nos a encontrar o nosso “eu”, enriquecendo cada vez mais a nossa força espiritual como, certamente faz a poesia de Adélia Prado.

Profª Eliran.

Algumas poesias declamadas:

No reino do Céu, O Retrato, Sedução, Fatal, Agora, ó José, Ensinamento, Impressionista, etc. etc. etc. Aqui a letra de duas poesias:

COM LICENÇA POÉTICA

(paródia do “poema de sete faces” - Carlos Drummond de Andrade)

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
– dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

*****

ANÍMICO

Nasceu no meu jardim um pé de mato
que dá flor amarela.
Toda manhã vou lá pra escutar a zoeira
da insetaria na festa.
Tem zoado de todo jeito:
tem do grosso, do fino, de aprendiz e de mestre.
É pata, é asa, é boca, é bico,
é grão de poeira e pólen na fogueira do sol.
Parece que a arvorinha conversa.

Algumas músicas tocadas e cantadas pelos alunos:

“Tocando em frente” e “Amizade sincera” – Renato Teixeira; “Oceano” – Djavan; “Como uma onda” – Lulu Santos; “Pais e filhos” – Legião Urbana; “Primavera” – Tim Maia; etc. etc. etc.

Depoimentos:

“Adélia ilumina trazendo sentido às pequenas coisas da vida.” (Raphael – 3º A)

“Adélia... transformou tudo ao seu redor e a si mesma em ARTE.” (Leandro – 3º A)

“Adélia, fonte inesgotável de sensibilidade” (Alessandra – 3º A)

“Seus poemas e sua filosofia de vida espelham um novo horizonte sobre a arte poética” (Jéssica Natália – 3º C)

“Adélia escreve seus poemas e toca nossas almas. Ela nunca morrerá em nossos corações.” (Camila – 3º B)

“O brilho, o sonho, o carisma e o amor de Deus estão sobre a vida de quem escreve como Adélia” (Thalita – 3º D)

“Adélia escreve com a alma que brilha como uma estrela!” ( Thalita – 3º D)

“Adélia nos emociona com sua simplicidade de viver...” (Graci Kelly – 3º A)

“Adélia... poemas lindos como a voz de um anjo” (João Carlos – 3º C)

“Lendo Adélia me vejo no caminho mais bonito para o paraíso.” (Tairine – 3º A)

“Lábios vermelhos, palavras de doçura... É Adélia!” (Carina – 3º A)

“(...) Porque tudo que invento já foi dito
Nos dois livros que eu li:
As escrituras de Deus,
As escrituras de João.
Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão.”
(Adélia Prado)